segunda-feira, 23 de maio de 2011

COMO MONTAR UMA EMPRESA DE AMOSTRAGEM



Eduardo Gonçalves Pires

Disponível em: Agronomia

Hoje em dia, a atividade de amostragem de solo tem se mostrado o elo mais fraco da cadeia para se fazer recomendações precisas. Geralmente, as maiores falhas no processo foram identificadas na coleta de solo.

É muito difícil hoje em dia ocorrerem erros representativos na análise do laboratório ou a recomendação de profissionais.

O erro maior é na amostragem, principalmente porque na maioria dos casos não é feita conforme o programado. São vários fatores que levam ao erro, mas o principal é não existir pessoal qualificado.

Já existem diversas empresas especializadas, porém o mercado é gigantesco para quem quer explorá-lo.

A sugestão que posso dar é começar com uma empresa pequena, com alguns equipamentos como sondas para amostragem e trado holandês. Dê preferência aos produtos confeccionados em aço inox, pois no caso de ferramentas de ferro, este pode contaminar as amostras com Fe e Zn que são constituintes do material.

Outro ponto importante é fazer convênios com laboratórios de análise, pois estes têm centenas de clientes que podem indicar e ainda por cima podem garantir prazos e preços mais atrativos com parcerias.

A confecção de material como: cartões, folders e site tornam-se imprescindíveis para divulgação da empresa. Visto que faz com que dê um caráter mais profissional ao negócio.

Por último, tentar criar uma grande carteira de clientes para que garanta a prosperidade do negócio, pois geralmente as amostragens se concentram em um período muito pequeno.

Algumas empresas vêm atuando com agricultura de precisão e criaram veículos próprios para amostragens de grandes áreas. Vale a pena no futuro investir neste mercado, pois é um novo nicho de mercado que cresce cada dia mais.

Uma dica importante é  complementar o negócio oferecendo o serviço de recomendação, mas para isso, é necessário grande conhecimento na área para se oferecer um serviço diferenciado e complementar às informações que constam em manuais de adubação.

OBS.: Caso você não tenha conhecimentos aprofundados desta área, busque informações com profissionais que já executam esta atividade.

Boa sorte

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Maracujá: a fruta passa a fazer parte da cultura garcense




05/05/2011

Mariusso: um exemplo de pequeno produtor



E em meio aos grãos de café começaram a sobressair outras culturas. Vieram ou ganharam mais importância. Passaram a ser tratadas com outros olhos. Todas ganham representatividade através de um produtor garcense. 

E enquanto o IBGE coloca que o Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, há cerca de 20 anos o município garcense vem praticando sua cultura e tem conquistado pequenos produtores por seu retorno financeiro mais rápido.

Nascido e criado em meio à cafeicultura Wagner Mariusso deixou de ser o filho do cafeicultor Nelson Mariusso e se tornou independente. Em sete alqueires do Sitio Santa Eduvirges – Bairro Água da Jabuticabeira – ele planta café (cinco hectares) e maracujá (dois hectares).

Para a primeira cultura trouxe o conhecimento adquirido de pai para filho, experiência enraizada. Já o plantio de maracujá começou nos anos 90.

“Antes era só lavoura de café. O maracujá veio como alternativa”, afirmou Mariusso completando que o retorno rápido e constante conquista adeptos para a lavoura. 

Realizando a colheita duas vezes na semana, há cerca de oito/nove anos o maracujá, segundo ele, vem superando a colheita anual do café. 

O pequeno produtor salienta que o maracujá em Garça faz parte da agricultura familiar e ajuda como complemento no dia a dia. Mariusso e cerca de outros 60 produtores embarcaram no sonho da fruta que gosta do clima tropical.

Muitos trouxeram uma história construída na cafeicultura e, a exemplo de Mariusso, fizeram a dobradinha café/maracujá. Reservaram em suas terras espaços para as duas culturas. 

“Hoje o maracujá já não tem a força de 20 anos, quando comecei. A região está infectada por doenças. No começo ficávamos três safras – três anos – com um mesmo pé. Hoje ficamos uma safra e já tem renovação, o que aumenta os custos”, falou ele.

O fato é que muitos migraram ou adotaram a nova cultura, o que aumentou a concorrência e, se o maracujá – para Mariusso – dá sinais de “cansaço”, o café começa a reocupar um lugar que, na verdade nunca perdeu. Retoma a preferência.

“Grande parte da economia municipal é gerada pelo café. O cafeicultor vinha sofrendo com o preço baixo. Hoje as coisas estão melhorando. Precisava ficar nesse preço para dar mais renda. Para compensar”.



Mecanização foi inevitável 

Mas mesmo sendo um pequeno produtor, Mariusso não conseguiu escapar do processo de mecanização pelo qual passou a agricultura garcense. Precisou mecanizar e isto reduziu a contratação de mão de obra. Antes a família e o serviço de quatro pessoas durante todo o ano davam conta do trabalho na lavoura. Hoje o trator, os implementos e um funcionário fazem o mesmo serviço. Uma queda de 75% na contratação de mão de obra. 

Na terra onde proliferaram pés de café e bóias-frias, faltou mão de obra. Faltou mão de obra especializada. Na lei da oferta e da procura o custo ficou elevado e as exigências do Ministério do Trabalho trouxeram leis. Trouxeram direitos para a categoria. Caminhos que levaram à mecanização.

“Hoje o café está melhor. Comecei a mecanizar há cerca de quatro anos e uso bem pouco bóia-fria”, disse Mariusso. 



Incentivo traz de volta o pequeno produtor



Em sua trajetória o pequeno produtor passou a ocupar a pasta da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Agropecuário. Para o novo cargo trouxe o conhecimento adquirido no dia a dia. Sabe as dificuldades enfrentadas num contexto onde, segundo ele, 80% dos agricultores da cidade são pequenos produtores. Falando do trabalho realizado, Mariusso enfatiza que o apoio da Administração é fundamental nas vitórias conquistadas. A Secretaria, disse ele, adquiriu duas patrulhas rurais que prestam serviço ao pequeno produtor ao custo do diesel. 

“Uma patrulha é composta por um trator grande e vários implementos agrícolas e a outra por um trator pequeno e também com implementos agrícolas. O serviço facilita e faz com que os pequenos produtores voltem a cultivar. Alguns beneficiados com o programa se sentiram mais valorizados. É um programa do Governo que tem o apoio do prefeito Cornélio”, falou Mariusso.

Ele lembra que antes as políticas agrárias não beneficiavam o pequeno produtor. Eles contavam como o trabalho, a vontade, a tradição, alguns prejuízos e o empréstimo bancário a juros mais baixos. 

Em 1995 veio o Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - que financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do país. 

Hoje, segundo ele, o pequeno produtor também pode contar com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Criado em 2003, tem garantido a comercialização de produtos agrícolas de assentados e pequenos agricultores, em determinadas regiões brasileiras. 

“O programa permite que a Prefeitura compre alimentos de pequenos produtores e distribua na merenda escolar. Antes, por exemplo, a laranja passava por três instâncias antes de chegar à merenda. Agora é direto. Chega com preço mais justo, com qualidade e é um incentivo para o pequeno produtor e para a economia da Administração”, disse ele salientando que a olericultura e a fruticultura garcenses ganharam mais um incentivo. 

E Mariusso, além de produzir, comercializa o maracujá para indústrias de São Paulo e Minas Gerais e também compra o produto de outros pequenos agricultores, como seu irmão – que usa seus alqueires para a cultura do maracujá e, nas palavras de Mariusso, criar umas cabeças de gado. Um perfil tipicamente garcense.